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Tribunal do Juri condena Sidronio Alves de Lima a 18 anos de prisão pelo feminicídio de Neurice Torres

Caravanas do MST realizam atos por justiça em frente ao Fórum de Minaçu e consideram resultado importante para a luta contra as violências de gênero

por Marilia da Silva / CPT Goiás

Caravanas do MST realizam atos em frente ao Fórum de Minaçu durante todo o julgamento: “Por nossos corpos e territórios: Nenhuma a menos” (Foto: Divulgação)

Juri popular considerou Sidronio Alves de Lima como culpado pelo feminicídio de Neurice Torres, no julgamento realizado nesta terça-feira, 23, em Minaçu (GO). A pena estabelecida pela juíza Isabella Bittencourt foi de 18 anos em regime fechado.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) de todo o estado de Goiás foram em caravana para Minaçu, para acompanhar o julgamento. Durante todo o dia, o grupo se manifestou por justiça em frente ao Fórum.

“Comemoramos a condenação, apesar de considerarmos a pena ainda pequena, pela quantidade de crueldades praticadas neste crime. Nossa equipe jurídica vai trabalhar para garantir que não haja redução da pena”, disse Patrícia Cristiane, dirigente regional do MST.

A condenação é considerada como um resultado importante para as lutas de combate à violência de gênero no Brasil, visto que o feminicídio é um crime que pouco vai a julgamento no Brasil.

Sidrônio Alves, ex-marido de Neurice, se pronuncia durante julgamento e deixa o tribunal, após condenação (Fotos: Divulgação)

HOMENAGENS E MEMÓRIA DE DONA NEURA

Companheiras do Movimento Sem Terra e familiares dedicaram muitas homenagens a Dona Neura desde de que ela foi vitimada pela violência machista. Em junho de 2023, um novo acampamento do MST em Hidrolândia foi batizado com seu nome. No último mês de março, a comunidade centralizou as atividades de formação da Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra em Goiás.

Em mensagem compartilhada por redes sociais nesta semana, o movimento falou sobre o acompanhamento do processo relativo ao feminicídio de Neura e sobre a luta contra a violência de gênero:

“Dona Neura foi brutalmente assassinada, deixou três filhas, um filho e um neto.  Sua perda jamais será reparada, mas jamais será esquecida sua jornada de luta, resistência e resiliência. O MST tem combatido todas as formas de violência gênero. Temos feito debates, estudos, oficinas com as mulheres para que elas possam identificar e denunciar todas as violências sofridas, inclusive em seus lares. Deliberamos que o setor de Direitos Humanos do MST acompanhe seus familiares e o processo, para exigir que seja feita justiça por Dona Neura e por tantas outras mulheres que tiveram suas vidas ceifadas pelo feminicídio no estado de Goiás. Lutaremos, por nossos corpos e territórios. Nenhuma a menos!”

Companheiros do MST homenageiam a agricultora e companheira Dona Neura, em ato durante julgamento: “Sua perda jamais será reparada” (Foto: Divulgação)

Em 2017, quando se separou do ex-marido, Neurice ja havia o denunciado por agressão (considerada uma primeira tentativa de assassinato) e por tentativa de estupro. Seu assassinato é prova da vulnerabilidade vivida por mulheres do campo vítimas de violência, devido à falta de políticas públicas para garantir sua proteção.

Na véspera do crime que a vitimou, Neurice Torres participou da IV Festa do Cerrado, na cidade de Minaçu, expondo suas produções. A esta guerreira, a CPT Goiás presta suas sinceras homenagens. Seguimos acompanhando o processo judicial por justiça e atuando pelo fim de todas as formas de violência no campo, incluindo as diversas formas de violência de gênero.

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