No dia 6 de maio, 250 famílias do Acampamento Ana Primavesi foram despejadas de uma área ocupada no núcleo rural Rio Preto, em Planaltina (DF), após serem vítimas de diversas violências por parte de grileiros e fazendeiros da região. A ordem de despejo foi concedida pelo desembargador Alfeu Machado, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, mesmo diante da inexistência de documentos que comprovem a propriedade da terra.
“Eles conseguiram reintegração de posse, mas eles não têm documento da terra – há uma incompatibilidade. Não há como eles comprovarem que são donos dessa terra porque o dono dessa terra é o Estado”, explica a Direção do MST-DFE.
No dia 30 de abril, as famílias ocuparam o terreno, que é alvo de especulação financeira e não cumpre sua função social. No dia 03 de maio, os fazendeiros e grileiros bloquearam a estrada que dá acesso ao local, impedindo que água e alimentos chegassem até os acampados, deixando crianças e idosos com sede e fome.
“Segundo a Defensoria Pública da União, eles tentaram matar nossas famílias para garantir o que eles consideram que é o seu direito e propriedade, e que na verdade é um espaço público”, diz o MST-DFE. Após grande mobilização de apoiadores, as famílias conseguiram uma liminar que solicitava a desobstrução da estrada para chegada dos mantimentos e garantiram também a negativa do primeiro pedido de reintegração de posse.
No dia 04 de maio, os fazendeiros voltaram a atacar o acampamento, desta vez arremessando bombas e ateando fogo na vegetação próxima à área ocupada.
“Eles jogaram bomba dentro do acampamento. Uma companheira de 17 anos ficou com problema sério nos ouvidos e está em choque até hoje. Vamos cobrar judicialmente pela pressão que eles colocaram, ateando fogo nos arredores, pela forma violenta como eles agiram contra os companheiros que estavam lá acampados. Nossas famílias sempre prezando pela paz, pelo não conflito, e eles tensionando”, narra a direção do MST-DFE. As famílias tiveram que trabalhar juntas, em meio ao ataque, para conter o fogo.
Ao serem despejadas da área ocupada Núcleo Rural do Rio Preto, as famílias tiveram que retornar para a área provisória que ocupavam desde 2020, onde também sofrem com situações de conflito e dificuldades de acesso a água. A Ocupação Ana Primavesi reivindica acesso à terra por meio do Programa de Assentamento de Trabalhadores Rurais – DF (Prat-DF). Documentos comprovam que centenas de parcelas de terra pública estão sendo griladas e sendo alvo de especulação financeira na região.
“Nossa cobrança é que a Terracap e o governo do Distrito Federal identifiquem todas essas áreas, façam uma revisão profunda dos contratos e que os contratos que estiverem legais prossigam e que as terras que estiverem com contratos ilegais, que são muitos – o governo sabe – sejam colocadas à disposição do Prat, para que as famílias Sem Terra, as famílias camponesas, possam ser assentadas a curto e médio prazos”, reivindica a direção do MST-DFE.
Leia entrevista completa com a Direção do MST-DFE sobre a ação e o despejo.