Famílias de comunidades rurais impactadas por mineradoras na cidade de Catalão (GO), com apoio de organizações de defesa dos direitos humanos, estão se organizando para reivindicar a justa indenização pela perda das terras que estão sendo obrigadas a vender para as empresas. Pelo menos duas comunidades rurais de pequenos proprietários, com sua cultura, sua religiosidade e seus modos de vida, já foram extintas no município.
Elas denunciam a recusa das transnacionais em reconhecer o valor de suas terras e de sua vida comunitária, impondo, por via judicial, uma política de preço injusta, que não garante a compra de terras equivalentes em outra localidade para dar continuidade aos modos de vida das famílias agricultoras.
No último sábado, 15, foi realizada uma celebração e reunião, com presença de 150 pessoas, na sede de uma pequena propriedade, cujos proprietários que perderam a posse para a mineradora CMOC após um depósito extrajudicial que nunca foi acessado por ele. Funcionários da mineradora estiveram no local, intimidando os presentes e atrapalhando a celebração. Em nota, a empresa alegou acreditar que a terra estava sendo alvo de invasores e afirmou que as famílias estão pedindo um valor acima do preço de mercado pelas terras, o que, segundo as famílias, não condiz com a realidade.
Uma família da comunidade Macaúba, que também perdeu a posse de sua propriedade para a mineradora Mosaic, afirma que o valor ofertado pelas empresas não é justo, porque a qualidade da terra naquela região é alta. Eles contam que trata-se de uma região onde se planta sem adubo e que o preço pago pela mineradora não permite comprar outra terra na mesma região. Além da terra, a desapropriação retira das famílias a sua convivência em comunidade, o que é uma perda irreparável que precisa ser indenizada.
O grupo de famílias formou uma comissão e está se reunindo para discutir estratégias para que os direitos das famílias sejam respeitados, garantindo a comercialização justa das terras. O grupo tem agenda hoje com o Prefeito de Catalão para apresentar os problemas vivenciados pelos agricultores das comunidades.