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Famílias acampadas por Reforma Agrária no interior de Goiás são ameaçadas por policiais e têm barracos destruídos

Denúncias de ações policiais contra acampamentos desde o último sábado, 3, foram feitas por moradores de acampamentos nos municípios de Jussara, Jaupaci e Araguapaz

Três acampamentos de famílias organizadas por Reforma Agrária no estado de Goiás denunciam ter passado por ataques e ameaças nos últimos dias, nos municípios de Jussara, Araguapaz e Jaupaci. 

Segundo denúncias, no Acampamento Coqueiral, em Jussara, policiais rodoviários foram até o local na última segunda-feira, 5, na ausência das famílias, e destruíram várias moradias. As lonas do teto e das paredes dos barracos foram cortadas ao meio, móveis foram quebrados e algumas estruturas de madeira derrubadas. A comunidade, que se organiza por meio de um sindicato de trabalhadores rurais, vinculado à Fetaeg, afirma que a área onde estão acampados pertence à prefeitura de Jussara, que autorizou sua moradia provisória no local. 

Dom Eugênio Rixen visita comunidade após ataque em Jussara

Dom Eugênio Rixen, bispo emérito da Diocese de Goiás, visitou o acampamento Coqueiral na manhã desta quarta-feira, 7, para ouvir os relatos das famílias e ver a situação após o ataque. Ele relata que tratam-se de cerca de 70 famílias que trabalharam a vida inteira em fazendas alheias e que estão lutando para ter uma terra onde viver. “Foi uma violência inexplicável”, disse Dom Eugênio. Além dos barracos e móveis destruídos, ele relata que pôde ver várias plantações feitas pelas famílias moradoras. 

“As famílias estão em um acampamento, lutando para melhorar de vida, produzindo. Não houve pedido de desocupação, parece algo gratuito e inútil, que deixa as pessoas revoltadas, porque, segundo elas, elas estão em um local onde foram autorizadas a estar. Os danos a essas famílias precisam ser reparados, não é justo o que aconteceu. A gente se pergunta quem teria interesse em fazer isso? Essas pessoas lutam por um pedaço de terra com apoio de sindicatos e da pastoral da terra. É preciso acelerar o assentamento dessas pessoas em terras destinadas à Reforma Agrária“, relatou Dom Eugênio. 

Em Araguapaz, famílias são obrigadas a derrubar moradias recém reformadas

Moradores do Acampamento Conquista com Deus, localizado no município de Araguapaz, às margens GO-164, relatam que policiais estiveram no local na manhã do último sábado, 3, e cortaram a faixa e a bandeira de identificação da comunidade. No mesmo dia, no período da tarde, outras duas viaturas foram até o local e obrigaram que os moradores derrubassem dois barracos recém reformados, sob ameaça de destruição e incêndio de todo o acampamento. Segundo as famílias, os policiais alegavam que se tratavam de barracos novos na comunidade.

Na segunda, 5, no Acampamento Garça Branca, localizado às margens da GO-173, em Jaupaci, policiais que fotografavam o acampamento, ao perceber que também estavam sendo filmados pela comunidade, ameaçaram as famílias para que não registrassem sua presença no local, afirmando que a qualquer momento poderiam destruir o acampamento. 

Os acampamentos Conquista com Deus e Garça Branca estão organizados junto à FETRAF.

Perseguição recorrente

A perseguição, os ataques, as ameaças e as ações de intimidação por parte de forças do governo do estado de Goiás contra famílias acampadas por Reforma Agrária em Goiás têm sido constantes desde o início do ano passado. Por outro lado, nenhuma medida para garantir o cumprimento das Leis de Reforma Agrária no estado de Goiás, garantindo o direito de acesso para quem nela quer viver e trabalhar, como a destinação de terras devolutas para criação de assentamentos rurais.

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