A guerra do Agronegócio contra a vida no Cerrado precisa acabar
Goiás tem 98% de seu território no Cerrado brasileiro, o que revela a enorme responsabilidade deste estado em relação à proteção desse bioma. Infelizmente, a realidade é que grande parte dessa área já foi devastada, e as licenças para o desmatamento do Cerrado nativo, tanto para o agronegócio quanto para a mineração, continuam sendo emitidas – além do desmatamento ilegal, que também nos aflige.
Neste ano, juntamente com outros estados do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal, estamos enfrentando a maior seca e o maior número de incêndios já registrados no país. Como sobreviveremos a essa guerra? O número de vítimas não para de crescer, e nenhuma autoridade estadual propõe uma mudança estrutural que assegure maior proteção para nossas águas, nossas florestas, nossos animais, e para os povos e comunidades que dependem desses recursos.
Neste momento:
– O Assentamento Oziel Alves, em Baliza (GO), enfrenta o fogo;
– A comunidade do Acampamento Dom Tomás Balduino, em Formosa (GO), se recupera do incêndio da última semana;
– A comunidade Macaúba, em Catalão, luta para que mineradoras não destruam suas nascentes, com a permissão do governo de Goiás;
– As comunidades da Chapada dos Veadeiros enfrentam as chamas;
– As comunidades indígenas e ribeirinhas do Rio Araguaia trabalham para salvar os botos e outros animais encalhados na lama.
Enquanto isso, as megaplantações (as plantations, voltadas para exportação) sugam a água dos rios e dos lençóis freáticos para irrigar culturas que não nos alimentam. Qual é a lógica, se não a da destruição?
O Ipê-branco florido, fotografado esta semana por Celso, agente pastoral da CPT Goiás, clama por PAZ para aqueles que fingem não ver a beleza e a riqueza que estão destruindo. E nos pede, a nós, defensoras e defensores da vida, que mantenhamos a esperança e a força para continuar resistindo a esse modelo de produção devastador.