Embaixador e conselheiro da Embaixada do Reino da Bélgica vieram a Goiânia nesta segunda-feira, 9, para ouvir relatos de movimentos e comunidades sobre violações de direitos humanos no estado
A CPT Goiás recebeu nesta segunda-feira, 9, a visita do embaixador da Bélgica, Peter Claes, e do conselheiro belga, François Moureau, para uma reunião com representantes de movimentos sociais e sindicais do campo e do movimento de atingidos por barragens em Goiás. A reunião contou com a participação do bispo emérito de Goiás, Dom Eugênio Rixen, e do procurador da república Dr. Wilson Rocha.
Participaram do diálogo Dona Dita Carvalho, da Comunidade Quilombola São Félix, Agenor Costa, José Gomes e Abi Ferreira, do Movimento dos Atingidos por Barragens – Goiás, Orlando Luiz, da Fetaeg, Antônio Chagas, da Fetraf-GO, Amélia Franz, do MST, coordenação e agentes da CPT Goiás.
Na reunião, os representantes da Embaixada belga ouviram relatos sobre violações de direitos humanos praticadas em Goiás contra famílias que se organizam por Reforma Agrária no estado. As lideranças presentes falaram sobre os projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás para restringir direitos de famílias que participam da luta por Reforma Agrária e sobre os permanentes ataques violentos, muitas vezes armados, aos acampamentos e assentamentos do estado.
Dona Dita e Agenor Costa falaram sobre a situação das famílias e comunidades que tiveram suas terras inundadas para a construção da barragem de Cana Brava, na região de Minaçu (GO) e que ainda não foram devidamente reparadas por suas perdas.
“O nosso papel como diplomatas é tentar entender a realidade de um país e seu povo. Para nós é muito importante estar aqui e poder ouvir vocês. Os problemas de que vocês falam são reais. Não adianta que os estados assinem cartas. Nós precisamos ser testemunhas da execução dos compromissos assumidos pelos Estados na realidade”, disse o embaixador Peter Claes.
O tema da reparação das famílias atingidas pela Usina Cana Brava desperta interesse especial da Embaixada do Reino Belga porque a usina foi construída pela empresa belga Tractebel (atualmente Engie). “A Europa tem se preocupado cada vez mais com a atuação das empresas europeias, com Leis de Diligência”, disse o conselheiro François Moureau.
Durante a reunião, que contou com a participação remota de Francesca Monteverdi, da organização belga Entraide et Fraternité, parceira da CPT Goiás, foi realizada a entrega de um abaixo-assinado realizado por esta organização na Bélgica, neste ano, em favor da devida reparação das famílias atingidas pela Usina de Cana Brava. Juntamente às folhas de assinaturas, cartas de estudantes belgas, com votos de coragem e justiça, foram entregues ao movimento e às famílias atingidas por barragens presentes.