O Grupo de Mulheres Artistas do Cerrado, da CPT Goiás, reuniu mulheres da Pastoral da Terra em uma intervenção teatral na tarde desta quinta-feira, 18, na Feira Agro Centro-Oeste Familiar 2023, no Campus Samambaia da UFG. Baseada no mito grego de Aracne, a cena propôs uma reflexão sobre a cultura patriarcal e os mecanismos que a sustentam ainda hoje. A partir de técnicas do Teatro do Oprimido, as mulheres estenderam o debate à plateia, que pôde participar do momento e opinar.
O grupo utiliza a arte como meio para discutir os desafios vividos nas comunidades e organizações do campo, apoiando a resistência das mulheres para sua emancipação e autonomia a partir de princípios de pertença e comunhão com a terra. O Teatro Fórum é uma das técnicas utilizadas para promover a interação com o público e ampliar as reflexões, encontrando saídas coletivas para questões apontadas.
Na mesma tarde, Antônio Baiano, da coordenação colegiada da CPT Goiás, conduziu a Roda de Conversa sobre Educação no Campo na tarde desta quinta-feira, 18, na Feira Agro Centro-Oeste Familiar. A atividade teve a participação de estudantes e professores das Escolas Família-Agrícola (EFAs) de Orizona, da Cidade de Goiás e Uirapuru.
A conversa abordou a história do acesso da população do campo no Brasil e em Goiás à educação, desde os primeiros modelos de formação para o meio rural, que proporcionavam apenas a alfabetização funcional do povo camponês, sem refletir a realidade de quem vive na Terra, até o surgimento de propostas emancipadoras, como o modelo das Escolas Família-Agrícola, criado na França em 1935 e trazido para o Brasil através do padre italiano Humberto Pietrogrande, em 1968.
Professoras, professores e egressos tiveram a oportunidade de falar sobre a vivência da “Pedagogia da Alternância”, as diferenças em relação a pedagogias utilizadas em escolas tradicionais e sobre a construção do conhecimento na relação entre escola e família.
O encontro também foi oportunidade para divulgar algumas demandas da Educação no Campo – pautas de reivindicação junto ao legislativo federal – que carece ainda de reconhecimento por parte das estruturas do Estado para acessar fundos de investimento público na educação, como o FUNDEB, e para dar acesso aos estudantes a cotas para estudantes de escola pública no ensino superior.