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Comunidades denunciam indícios de execuções na operação policial que resultou na morte de quatro quilombolas em Cavalcante (GO)

Comunidades relatam que a ação da Polícia Militar do Estado de Goiás na quinta-feira, dia 20 de janeiro, na zona rural de Cavalcante (GO), caracteriza mais uma chacina promovida por agentes da corporação. Moradores da região, que conheciam Francisco Kalunga, Niro, Alan e Salviano, vítimas fatais da ação, afirmam que eles eram homens simples, trabalhadores, e questionam a versão apresentada pelos policiais, que teriam agido de forma desproporcional, executando-os cruelmente, sem chance de defesa.

Segundo essas testemunhas, as vítimas não possuíam armas e não eram traficantes. O comando de policiamento de Niquelândia, de onde partiram duas viaturas para apurar denúncia sobre a existência de uma plantação de maconha na área, afirma que os policiais foram recebidos a tiros por sete homens e efetuaram cerca de 60 disparos em revide, apresentando cinco armas que teriam sido apreendidas. Nenhum policial foi ferido. Os três homens que teriam escapado não foram identificados e as comunidades locais, que neste momento se organizam em defesa das vítimas, esperam que eles possam ajudar a desvendar os fatos.

A implantação de provas, os flagrantes forjados e as execuções sumárias têm caracterizado de forma sistemática as ações da polícia militar em comunidades empobrecidas e de maioria negra em Goiás e em todo o Brasil, e demonstra como o racismo e a proteção às elites estão institucionalizadas na prática da PM.

Chama atenção, ainda, o fato de a comunidade quilombola São José, onde ocorreu a chacina, se situar em área de terras devolutas, em processo de regularização, onde há conflitos por território em andamento. Historicamente, a violência no campo tem sido empregada para favorecer o latifúndio e o agronegócio em Goiás.


A CPT Goiás está monitorando a situação e defende que o Direito à Vida deve ser prioridade em todo ato institucional. Toda suspeita de crime deve, sim, ser investigada, mas o direito à justiça deve ser garantido pelas autoridades.

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