A comunidade do acampamento rural Oziel Alves, localizado em Catalão (Goiás), denuncia situação de assédio eleitoral praticado por um recenseador do IBGE. Depois de ter acesso à comunidade e registrar os números de documentos pessoais de moradores, o homem, que não portava crachá institucional nem estava em carro identificado, disse estar também a serviço do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA SR 04) e começou a discorrer comentários no sentido de convencer os moradores de que poderiam ter benefícios no processo judicial pela posse da terra onde vivem caso votassem no atual presidente da república.
A forma de agir do recenseador causou constrangimento, incômodo e desconfiança nas famílias e lideranças da comunidade, que juntamente com uma agente pastoral presente na área, levantaram questionamentos sobre o trabalho do recenseador, que acabou deixando o local. Segundo relatos, dias depois outro recenseador foi à área, com a devida identificação institucional para realizar trabalho relacionado estritamente ao Censo.
A Comissão Pastoral da Terra Regional Goiás vem denunciando à sociedade e às autoridades responsáveis casos diversos de violência e conflitos contra comunidades rurais neste período eleitoral e manifesta grande preocupação com o atual momento. O grande aumento no número de casos de assédio eleitoral na campanha do segundo turno, tanto no setor público, como o ocorrido na Agência Goiás Fomento, quanto no setor privado, como o caso do fazendeiro, empresário e ex-prefeito de Porangatu (GO), demonstra a gravidade da ameaça à democracia brasileira neste pleito. Além das coações, crescem também os casos de ataques armados contra os mais pobres no país.
A CPT Goiás acompanha as famílias do acampamento Oziel Alves, conhece e reconhece seu trabalho e a legitimidade de sua presença na terra, e se solidariza com a comunidade diante de mais esta situação, que causa transtornos, insegurança e indignação. As famílias do Acampamento Popular Oziel Alves, organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), estão na terra desde 2017, onde trabalham e produzem alimentos. Durante a pandemia de Covid-19, a comunidade realizou doações de parte de sua produção para famílias em situação de vulnerabilidade social na cidade de Catalão e Distrito de Santo Antônio do Rio Verde e segue fortalecendo a produção familiar agroecológica no estado de Goiás.