Intimidação de vereadora se soma às dificuldades enfrentadas pela comunidade desde o despejo violento sofrido em maio de 2024. Famílias pedem celeridade na efetivação de assentamento na região.
Famílias do Acampamento Santa Maria Reunidas vivem e cuidam de pequenas criações, enfrentando perseguições, escassez de água e energia (Foto: Registro feito pela comunidade, em 08.01.2025)
Famílias do Acampamento Santa Maria-Reunidas, em Lagoa Santa (GO), enfrentam novas situações de perseguição. No último mês de dezembro, a comunidade, que está acampada em terras cedidas por um agricultor assentado no município, foi intimidada por uma vereadora local.
Registros mostram que, após a comunidade recusar uma suposta ação social promovida pela vereadora, que estaria vinculada a uma organização patronal da agricultura, a parlamentar declarou que iria representar contra a permanência das famílias no local e contra o agricultor que as acolhe. As ameaças continuaram por meio de mensagens em redes sociais, e seu carro tem sido visto rondando o acampamento.
As famílias estão acampadas na área cedida desde o despejo violento sofrido em maio de 2024, quando muitos dos barracos foram destruídos sem que os moradores tivessem a oportunidade de retirar seus pertences. Segundo relatos, o despejo, que não contava com ordem judicial, contou com o apoio de veículos da prefeitura de Lagoa Santa.
Mesmo vivendo no local com autorização do proprietário, a comunidade tem sido monitorada de forma intimidatória pela polícia estadual, que frequentemente entra na área filmando os barracos e os moradores, sem fornecer qualquer explicação para tais ações.
Em mensagem de vídeo, Elias D’Angelo, superintendente do INCRA no estado de Goiás, buscou tranquilizar o agricultor assentado que cedeu a terra, parabenizando-o pela ação solidária em favor das famílias despejadas e garantindo que ele não será prejudicado por acolhê-las. Segundo D’Angelo, o INCRA está vistoriando áreas no município para a criação de um assentamento.
As famílias do Acampamento Santa Maria-Reunidas reivindicam há cerca de 15 anos a desapropriação de fazendas na região para fins de Reforma Agrária e cobram celeridade na garantia de seu direito à terra e à dignidade