Pequenos detalhes mostram como o tema escolhido pelas comunidades foi trabalhado ao longo da festa, fazendo deste, mais um encontro especial e potente
Fotos e texto: Marilia da Silva – CPT Goiás
O tema da festa das comunidades camponesas de Silvânia de 2024 foi “Agricultura familiar no Cerrado, em diálogo: sucessão rural, consciência ambiental e saúde mental” e, de diversas formas, ele perpassou todos os momentos do encontro.
No café da manhã, a união e a partilha, fizeram a abundância. Os momentos de memória das nove festas anteriores, retomaram momentos de alegria e luta coletiva. A vivência da memória camponesa, em seus costumes e valores, é o que conduz essa festividade, numa caminhada coletiva com os pés na terra.
“A memória, diferente da lembrança, nos conecta à nossa ancestralidade, aos fazeres dos que vieram antes de nós, e nos faz caminhar, em conexão com esta herança”, disse Isolete Wichinieski, da Campanha Nacional do Cerrado, que conduziu um momento de reflexão e formação durante a festa.
Em todos os momentos, as crianças e jovens estiveram junto, entre si ou com suas famílias, vivenciando e contribuindo com uma coletividade que ultrapassa a comunidade onde cada uma vive. A convivência e a organização entre assentadas da Reforma Agrária, comunidades de pequenos proprietários de terra e famílias quilombolas mostra que é possível trabalhar em comunhão por questões que impactam a vida de todos.
Na festa, todos serviram uns aos outros, mulheres e homens, da comida que se faz, e sem utilizar descartáveis. A beleza do Cerrado foi valorizada em toda a decoração. As lembrancinhas do encontro foram feitas, pelas crianças, com cabacinhas, e a grande cabaça da festa, pintada por uma jovem, foi passada da família anfitriã deste ano para a comunidade que irá sediar a próxima festa. Teve saudação de Folia para nosso bioma e seus defensores, cantores e cantoras populares, sanfonas e violas, truco e catira: todos querem ver e os mais novos querem aprender.
De forma espontânea, um grupo de meninas se juntou para dançar uma cantiga de roda. Elas também deram às mãos aos seus mais velhos e mais velhas na grande ciranda final e quiseram levar para casa as mudas de ipê e sementes compartilhadas. Sinal que o trabalho das comunidades está sendo muito bem feito.