Delegado de Formosa manda intimar dirigente do MST durante ação pacífica que denunciava a Usina CBB por super-exploração, crimes ambientais e divulgação de informações falsas
por CPT Goiás
Na manhã desta sexta-feira, 03, durante ato de doação de alimentos produzidos em assentamentos e acampamentos organizados pelo MST-DFE, em Vila de Boa de Goiás (GO), uma dirigente do movimento foi intimada a prestar esclarecimentos na delegacia da cidade.
Durante o ato, o grupo de trabalhadores rurais distribuíam panfletos denunciando a tentativa da Usina CBB de difamar o movimento na cidade após o despejo arbitrário, realizado sem ordem judicial contra famílias sem-terra de uma fazenda da usina, que está em recuperação judicial. O MST denuncia que metade da área está embargada e, que, segundo levantamento da AGU, a empresa deve 91 bilhões de reais à União, entre passivos trabalhistas, tributários e multas ambientais.
“A Polícia Civil do Estado de Goiás intimou uma dirigente nossa que não estava fazendo absolutamente nada além de distribuir alimentos gratuitamente em uma praça e manifestando-se pacificamente. A atividade foi um sucesso total mas essa ação de coerção demonstra o desmando no estado de Goiás, sobre tudo na região nordeste, onde o latifundiários e mega empresários acham que estão acima de todas as leis”, denunciou um dirigente do movimento presente no ato.
No último sábado, 28 de abril, o MST-DFE realizou um primeiro ato em Vila Boa de Goiás, onde um carro de som denunciava a divulgação de informações falsas contra o movimento na cidade, possivelmente por pessoas ligadas à própria Usina CBB, após a ocupação da usina no dia 15 de abril.
“Um dia depois da reintegração de posse forçada e ilegal, circularam um carro de som na cidade e colocaram propaganda nas rádios criminalizando a ação do MST, para amedrontar a população com informações falsas. Fizemos uma carta resposta e contratamos um carro de som também, colocando a posição do movimento e as denúncias de dívidas e crimes cometidos pela Usina CBB, que contrata trabalhadores da cidade por 27 reais a diária na época do corte de cana. Muita gente na cidade batia palma, o povo sabe que a usina está ali para super-explorar sua mão de obra, mas as vezes pelo medo ou pela necessidade aceita o trabalho. Defendemos a ideia de desapropriação da área para assentar pelo menos 800 famílias, que poderão sair dessa situação de indignidade”, disse que dirigente do MST.