Em Itaberaí (GO), viaturas da Polícia Militar continuam adentrando a propriedade onde fica a área arrendada pelo MST Goiás para construção de um acampamento produtivo
Desde a última segunda-feira, 15, quando cerca de 300 famílias do Movimentos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) iniciaram a montagem de um novo acampamento produtivo, em uma área de 5 hectares de terra arrendados em Itaberaí (GO), o local vem sendo constantemente monitorado pelo governo de Goiás.
Em entrevista para o jornal O Popular, ainda na segunda-feira, o Secretário de Segurança Pública de Goiás, coronel da PM Renato Brum afirmou que apenas uma viatura foi até o local e que ele mesmo pediu a retirada dos policiais ao saber que se tratava de uma situação de acordo entre acampados e dona da terra. As famílias do acampamento, no entanto, relatam que várias viaturas foram no local no dia que foi iniciada a ocupação e também nos dias que se seguiram. Nesta quinta-feira, 18, além de uma viatura da patrulha rural, moradores registraram uma viatura da PM-GO adentrando a cerca da propriedade e se dirigindo até a casa do proprietário.
“O senhor que nos alugou a terra disse que antes a patrulha rural não vinha aqui, agora está vindo todo dia. Se fosse só ela, estava tudo bem, porque ela faz ronda mesmo, só que não é. São viaturas da Polícia Militar, e que inclusive, ao invés de esperar na cerca, já vão entrando logo no quintal dele. Teve momento de ter três viaturas na casa dele. É constrangedor, os vizinhos vêm perguntar se está acontecendo alguma coisa. Não está acontecendo nada de errado, mas a presença deles intimida, né”, relatou Leandro, coordenador do acampamento.
De acordo com Gllvan Rodrigues, o MST sempre fez acampamentos provisórios com as famílias que estão na luta pela terra. “O movimento busca criar acampamentos em áreas que tenham condição de produção, de onde famílias possam tirar parte de seu sustento e de sua renda, garantindo a sua qualidade de vida e o seu trabalho na terra”, explica Gilvan.
Essas áreas, diz Gilvan, podem ser áreas públicas, áreas sociais de assentamentos, áreas cedidas ou até mesmo áreas alugadas pelo conjunto das famílias que vivem nestes acampamentos. “O Acampamento Dona Lindu, em Itaberaí (GO) é justamente um caso assim: por uma parceria local, as famílias arrendaram uma área, pertencente a um agricultor, que inclusive mora na sede da propriedade, para viver e produzir enquanto se organizam por um assentamento permanente”, disse o coordenador regional do movimento.
“Caiado tenta se promover politicamente se colocando enquanto representante do Agronegócio, por isso essa perseguição ferrenha contra as organizações do campo, especialmente do MST. Com isso, ele tenta frear qualquer processo de mobilização e pressão social por direitos, mas a organização da sociedade civil é garantida constitucionalmente”, avalia Gilvan Rodrigues.