Por CPT Goiás
A Comissão Pastoral da Terra regional Goiás denuncia mais um atentado contra a vida ocorrido no estado goiano. Um agente pastoral da igreja católica teve sua vida ameaçada em uma longa perseguição na noite da quarta-feira, 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, quando deixava o Acampamento Leonir Orback, em Santa Helena de Goiás, após visita, na direção de um carro.
Ao sair da estrada de chão e entrar na rodovia GO-210, já no início da noite, o agente foi seguido por um veículo modelo SUV, que o perseguiu e ameaçou por cerca de 30 km. Por diversas vezes, o automóvel se aproximou da traseira do carro onde estava o agente, pressionando-o com sinais para parar no acostamento, ameçando colidir em sua traseira e forçando o agente a empreender velocidade de fuga, provocando situações de grande risco de acidente grave.
O acampamento Leonir Orback vem sofrendo diferentes formas de violência. Com a chegada do período eleitoral, as coações vêm se intensificando, tanto por pessoas não identificadas que dizem agir em nome dos fazendeiros da região, quanto pela polícia militar, que vem monitorando por via terrestre e por meio de drones a entrada e saída de pessoas que no acampamento, assim com as atividades realizadas no local.
As famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) vivem e produzem na área desde 2015. O território faz parte do latifúndio da Usina Santa Helena, pertencente ao Grupo Naoum, empresa devedora de mais de 1 bilhão de reais em impostos e dívidas trabalhistas, inclusive com a falência decretada pelo Tribunal de Justiça.
As violências contra a ocupação se intensificaram depois que um grupo dissidente do MST, em provável parceria com os supostos herdeiros, ocupou uma fazenda no município de Maurilândia, entre os dias 02 e 12 deste mês de outubro. Importante enfatizar que esta foi a única ocupação de terra registrada e confirmada pela CPT Goiás no ano de 2022.
A CPT Goiás vem denunciando a onda de notícias falsas sobre ações de movimentos sociais, sobretudo o MST, e a ocorrência de outras formas coação que parecem ter como objetivo central a criminalização de lideranças camponesas e dos movimentos sociais que reivindicam terra para nela viver e produzir com dignidade. Recentemente, em um acampamento, falsários se passaram por recenseadores do IBGE para acessar a comunidade, fazendo ameaças veladas às famílias e insinuando que, caso votassem pela reeleição do atual presidente, as ameaças talvez não se concretizassem.
Medidas cabíveis estão sendo adotadas para que as responsabilidades em relação às violências em curso contra as famílias acampadas e agentes pastorais sejam apuradas. Nesta perspectiva, a CPT Goiás reafirma o seu compromisso com o Evangelho e a ação espiritual e social da igreja católica em favor dos desfavorecidos de forma profética, denunciando as injustiças e as violências cometidas contra o povo de Deus.